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Com o colapso do regime de Saddam Hussein no Iraque, os Estados Unidos se voltam agora para a vizinha Síria, a quem o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, se referiu como "de fato um país-pária".
O secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, acusou Damasco de ter testado armas químicas nos últimos 15 meses e de dar abrigo a importantes seguidores de Saddam. O secretário de Estado, Colin Powell, alertou para eventuais sanções diplomáticas ou econômicas de seu país contra a Síria.
As autoridades norte-americanas não chegaram a ameaçar os sírios com uma guerra, mas disseram que todas as opções estão disponíveis. Analistas acham que a Casa Branca, ao menos em um primeiro momento, vai usar a diplomacia contra o governo do presidente Bashar Al Assad.
A Síria, que desde o começo se opunha à guerra no Iraque, rejeitou as acusações.
– A Síria não tem armas químicas. As únicas armas químicas, biológicas e nucleares na região são de Israel, que está ameaçando seus vizinhos e ocupando o território deles – afirmou uma porta-voz da chancelaria em Damasco.
Diplomatas e analistas dizem que a pressão norte-americana contra a Síria tem como principal objetivo encerrar a ajuda de Damasco a grupos que combatem Israel, como o Hamas, a Jihad Islâmica ou o Hizbollah.
Já em solo Iraquiano, comandantes dos Estados Unidos disseram que a captura de Tikrit, 177 quilômetros ao norte de Bagdá, trouxe a guerra para um ponto de transição. O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, um dos principais aliados de Washington, afirmou que "estamos perto do fim do conflito".
O paradeiro de Saddam Hussein, que nasceu em Tikrit há 63 anos, continua desconhecido. No Catar, o general Vincent Brooks, comandante das tropas terrestres dos EUA, disse que ainda haverá combates, mas que "o esforço organizado do regime" não existe mais. A principal ameaça, segundo ele, são as emboscadas cometidas por tropas irregulares iraquianas ou por voluntários estrangeiros.
Enquanto os marines consolidavam sua posição em Tikrit, tropas dos EUA capturavam um meio-irmão de Saddam, Watban Ibrahim Hasan al-Tikriti, perto da fronteira com a Síria. Watban estava numa lista de 55 iraquianos procurados por ligações com o antigo regime. Ele foi ministro do Interior até 1995, quando assumiu funções de assessor de Saddam.
Uma das principais prioridades dos EUA agora é localizar o próprio Saddam, para que não se repita a situação da guerra do Afeganistão, que não resultou na captura do líder da rede Al-Qaeda, Osama bin Laden, ou do chefe da milícia Taliban, mulá Mohammad Omar.
Em Bagdá, mais de 2 mil policiais voltaram ao trabalho, o que pode contribuir para encerrar a onda de saques vivida pela Capital desde o colapso do regime de Saddam, na semana passada. Lentamente, a situação vai voltando ao normal, após mais de duas semanas de bombardeios e quatro dias de semi-anarquia.
Nesta terça, dia 15, os Estados Unidos vão organizar em Nasiriya, no sul do país, uma reunião com vários grupos políticos para negociar o futuro político do Iraque. O Conselho Supremo da Revolução Islâmica no Iraque, o principal grupo xiita do país, anunciou que vai boicotar a reunião.
Blair disse esperar que o país realize eleições dentro de um ano após a nomeação de um governo interino.
As informações são da agência Reuters.
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